dimanche 14 mars 2010

Pessimismo ao plural

"Para as forças do mal ganharem, basta que as forças do bem não façam nada."

Porquê os Portugueses não percebem algo de tão óbvio?
Até para quem não acredita no bem e no mal (não é propriamente disto que se trata aqui), esta frase deveria ser brutalmente evidente.

Quando eu digo, em bom idealista que eu sou, que devemos e podemos mudar as coisas, respondem-me que o sistema está podre e que não dá para muda-lo. Pior, quando digo que isso é fatalismo, oiço sempre: "não, sou realista".

Logo a seguir, respondo sempre que "realista" é o argumento do fatalista, que é por sua vez pessimista. Ou seja, um acha que os acontecimentos já estão predeterminados e o outro acha que não podemos concretizar os nossos ideais.

Os Portugueses têm de perceber que a "realidade" de que eles falam é apenas aquela que eles acham que deve ser. Se todos pensamos que a realidade é aquela de um sistema corrupto e que não pode avançar, tenham a maior certeza de que ele não vai mudar. Mas se eu me tornar idealista, se ganhar esperança e se conseguir convencer os outros de que temos a possibilidade e capacidade de mudar o sistema, então tenham a certeza que pode acontecer.

O que me podem ainda responder? "não queres ver a realidade"; "hás um dia de perceber"; "tu és ingénuo"...
Velhos do Restelo, percebo o vosso ponto de vista, acreditem. Mas se eu não fizer o primeiro passo para mudar, ninguém o fará por mim. Temos que desencadear o movimento idealista e convencer de que, sem esperança, não há futuro.

Com efeito, o primeiro trabalho do bom idealista é de convencer o outro em sê-lo. as pessoas que mais mudaram a história foram grandes idealistas e, por isso, essas pessoas são muito raras. Sei, em bom idealista, que este texto provavelmente não convencerá ninguém mas basta me convencer uma pessoa para não quebrar a corrente...

Lembrem-se, são as gotas de agua que fazem o oceano.

3 commentaires:

Jorge Teixeira a dit…

Definindo rapidamente Idealismo e Realismo, o Idealismo crê que o mundo é para mim aquilo que eu faço dele.

Isto é, se eu considerar que o mundo é frio e cruel, frio e cruel ele sempre será, pois todas as minhas vivências estão sujeitas à minha própria subjectividade. Daí duas pessoas que sejam educadas de maneira semelhante, em condições semelhantes, tenham sempre perspectivas diferentes do mundo.

Estas mesmas perspectivas que formarmos, sendo produto da nossa subjectividade, têem raízes nas ''profundezas'' da nossa personalidade. Daí estar aqui implícito o conceito de espírito, ou alma.
Aliás, o conceito de subjectividade não faria sentido, se o Idealismo não se aplicasse.

Concluindo, um Idealista sugere que todo o mundo que nos rodeia está sujeito ao nosso ''espírito''. Daí um Idealista afirmar que a matéria está em serviço do espírito.

Em oposição ao Idealismo, temos o Realismo, produto da escola Materialista do pensamento.

O Realismo afirma que nós somos um mero produto do nosso ambiente, que nós, como uma esponja, absorvemos aquilo que nos acontece.

O Realismo nega a existência de um ''filtro consciente'' dentro de nós, negando qualquer tipo de espiritualidade.

Aqui encontramos uma relação gira.

Como nós sabemos, o grande objectivo de Marx era criar um sistema político assente na filosofia.

Como Marx diz, e correctamente, até certo ponto, até ele, nenhum filósofo se tinha preocupado a aplicar a filosofia à sociedade.
Então Marx utiliza-se da sua concepção Realista do mundo para construir um novo sistema político.

Assente no facto que a matéria serve o espírito, e que somos produto do nosso ambiente, Marx considera que se todos os nossos problemas económicos forem resolvidos, somos felizes.

E como? Se todos nascermos em condições iguais, vamos ser todos igualmente felizes, partindo do princípio que a Economia é rica e estável.

É um sistema interessante per si, mas cabe-nos a nós, à direita Idealista, combater este princípio, pois sabemos bem que todos nós temos Egos diferentes, e agimos de maneiras diferentes, face a situações iguais.

Ao fim ao cabo, somos mais realistas que os Realistas!

Francisca Soromenho a dit…

Não podia mais concordar.
Desconhecia o blog, mas podes ter a certeza que o vou passar a ler.
Beijinhos!

Ricardo Alves a dit…

Parabéns! Adorei o seu texto!
Partilho efectivamente da sua opinião. O Idealismo é de facto o caminho.
Contudo, mudar a mentalidade de um povo que, no que toca a pensamento autónomo e consequente inovação, é retrógada e incubado nas suas inerentes filosofias da velha guarda que já não se usa, é bastante complicado. Ainda assim temos de tentar fazer este braço de ferro!

Mais uma vez, os meus parabéns e expresso desde já o meu desejo de que continuemos a pensar a si e que um dia consigamos efectivamente mergulhar Portugal no renascimento que bem precisa.
"É a Hora! Valete Frates!"